Falar sobre rotina é isso, as vezes, acabamos caindo na rotina até mesmo da escrita. E mais uma vez, é isso que me traz até aqui. Mas dessa vez, é uma forma de análise e não apenas reclamar.

Quando acostumamos com a correria, quando o nosso único assunto é apenas aquilo que devemos fazer para tal dia ou a quantidade de trabalho feito no dia anterior; acabamos deixando muitas coisas passar despercebido, o que não é novidade nenhuma para ninguém.

Mas mesmo na pressa, não deixo de observar alguns pontos interessantes sobre a vida das pessoas e a diferença entre seus níveis (tanto de educação, escolaridade ou até mesmo, idade). E foi o que aconteceu comigo hoje e acabou me marcando de alguma forma. Nossa sociedade acostumou com essa rotina corrida e esse 100 coisas a se fazer. Aproveitei os 40 minutos que tenho livre ao ir da faculdade até minha casa para poder ler um livro, para fazer um trabalho, já que não consegui terminá-lo no feriado. Uma senhora entrou no ônibus, e senti um certo egoísmo vindo de dentro de mim, porque teria que dividir o meu banco (mais uma questão da sociedade da pressa: o individualismo). E ela começou a conversar tão contente comigo, mas eu continuei lendo, já que se eu desse moral, não teria aproveitamento de tempo.

E comecei a pensar e me dispersar da leitura. Coitada da senhora, provavelmente não tem muita gente que converse com ela, ou que pelo menos escute suas lamentações ou histórias de vida. E ela não deixa de aproveitar a oportunidade de encontrar alguém simpático dentro do coletivo e tem esperança de poder colocar um pouco de suas angústias ou mesmo reflexões acerca do clima... que seja.

Me senti completamente egoísta e individualista, coisas que eu praticamente abomino em pessoas, que são mais comuns em cidade grande. E pra ser pior, mesmo observando isso em mim, não me virei para ela e não disse sequer um 'como vai a senhora?', mas sim, continuei lendo meu livro sobre "o que a internet fez com você". (Provavelmente encontrei uma dentre várias respostas neste momento).
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2 Responses
  1. Carlos Says:

    Bem, tenho minhas ressalvas quanto a graça da rotina ;P. Para mim, o vai e vem das ondas e o nascer do sol são rotinas belíssimas. E, no final das contas, tudo na vida acaba sendo rotina.
    O problema acontece quando, entre o "vai" e o "vem" de uma onda e outra, ligamos o modo automático e perdemos a sensibilidade, achando que todas situações são e serão iguais (ao invés de semelhantes). Heráclito já fazia uma comparação da vida neste sentido, dizendo que "não podemos entrar duas vezes no mesmo rio". Às vezes achamos que todas situações que passamos serão iguais e não podem nos acrescentar mais nada, mas cabe à nós dar uma chance a elas de se mostrarem diferentes, assim como a mulher que sentou ao teu lado podia ser mais que uma "velha" a encher teu saco kkk. ;P
    Isso é só uma divagação minha (das mais vagabundas, por sinal). É claro que, na prática, se formos dar atenção devida para cada situação, 24 horas não serão suficientes. Temos de fazer a famosa seleção natural.
    Quanto ao individualismo, o Narciso (aquele que acha feio o que não é espelho) é latente dentro de nós, pois nascemos para não nos interessarmos por aquilo que não nos diz respeito (fato que ocorre naturalmente independentemente de internet ou não, só que agora temos a opção de termos tudo ao alcance sem sequer termos que pedir ao outro [tanto na cidade, quanto na internet, os espaços da cidade grande também proporcionam isso]) liberto é aquele que consegue sair da prisão que é sí próprio. Se fosse fácil dar a devida dimensão às coisas, não veríamos nosso nariz maior que a lua (que está tão distante e "pouco" nos afeta).

    Eu me empolgo e acabo escrevendo demais kkkkkk.

    Bjinho, Bruna

    =)


  2. Carlos Says:

    Belo texto, vc escreve muito bem, parabéns pelo blog!

    Essa sociedade tem mudado bastante depressa, devemos tomar cuidado com o que estamos nos tornando.

    Acabei vindo parar aqui por que postei um texto parecido no meu blog, se tiver um tempo passa lá.

    Abraço


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